quarta-feira, 25 de agosto de 2010

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[...] das certezas que eu tinha na vida, ele era a mais concreta. Das dores que já senti, ele foi a única que me fez silenciar. Postagem sem título, sem dedicatória e sem trilha musical. A imagem, talvez, possa explicar como me sinto e como parte de mim será daqui para todo o sempre.
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domingo, 15 de agosto de 2010

Sob o Efeito "Duplo Red"


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Ao meu Overjoyed.

DEDICO.


Trilha sonora sugerida: Chris Isaac – Wicked Game




02:36. Madrugada de segunda-feira e aqui estou eu. Deveria estar na cama, dormindo, já que trabalho em pouco mais de 4 horas, mas, não estou. Deveria estar trabalhando, já que tenho atividades empilhadas até o teto da minha agenda mental, mas, não estou. Deveria estar pensando no aquecimento global ou em alguma coisa útil, mas, não estou. Toda a minha atividade neuronal está nELE. ELE com todas as letras em destaque, graúdas. ELE que se tornou parte do metabolismo de cada uma das minhas células de 48h para cá. Confesso um leve incômodo causado por esse turbilhão. Nada tão diferente assim da minha homeostase. E se você estiver se perguntando o que ele possui, honestamente, nada que outrora pudesse mexer com as convicções de uma mulher de 30 anos. O fato que é que mexeu e mexeu deixando um gosto diferente na boca...


[...] a sala estava pouco iluminada. Um rastro de luz amarela descia do teto e de alguns pontos laterais. O pé direito era alto e as paredes pintadas gentilmente com um tom palha, muito claro e discreto. Tons pastéis por todos os lados. Cortinas pesadas ao invés de persianas. Mobília bem cuidada e vidro empillhando vidro nos canteiros, no bar próximo à porta. Sofás italianos de escuros contrastavam com tapetes vermelhos e piso de mármore branco. Tudo de muito bom gosto. No alto, um pouco escondido, o responsável pela temperatura ambiente, levemente (e estrategicamente) gélida. Expostos alguns quadros com paisagens impressionistas e gravuras no estilo cubismo. No centro da sala, em cima da mesa menor, um balde de inox com gelo e uma garrafa de Chandon imersa e duas taças altas de cristal postas despretensiosamente ao lado.

ELE chegou em silêncio. Entrou sem que eu pudesse perceber enquanto observava a cidade ao longe, como pontos de luz esculpidos no tecido escuro que as enormes vidraças permitiam enxergar. Nada disse... se recostou no bar apoiando o braço direito na bancada enquanto me olhava silenciosamente. Estava lindo... deliciosamente, desesperadoramente e obscenamente lindo. Vestia uma camisa preta de mangas compridas e sem punhos com três botões abertos no meio do peito. Justa... melhor, justíssima. Não menos que o jeans, também escuro. Os pés, descalços.

Senti um cheiro diferente no ar. Fechei os olhos, joguei a cabeça um pouco para trás e inspirei com leveza e profundidade. Misturados no ar, um cheiro levemente ocre, amadeirado, com tons de canela e vinho. Era ELE... Tão rápido percebi, me virei e não tive tempo de dizer nada. Ele sorriu e acenou gentilmente com a cabeça. Em qualquer outra situação eu teria levantado para cumprimentá-lo, mas, minhas pernas, ou melhor, o controle que até então eu tinha sobre elas, não me permitiu fazer qualquer coisa que fosse. Assenti com a cabeça, sorri e baixei os olhos.

ELE caminhou em minha direção, puxou uma cadeira sem braços e sentou-se na minha frente, a menos de meio metro de mim. Olhou para a garrafa de Chandon e disse: "comprei pra você... sabia que gostava"! Sorri só com os lábios e continuei nada fazendo porque agora, além das pernas não responderem mais, as mãos também não, como num mais perfeito blackout. ELE serviu a bebida e por um segundo fui ofuscada pelo brilho que se dissipou quando as taças foram tocadas pela luz. Fechei rapidamente os olhos e, quando abri, ele segurava uma taça em minha direção. Tentei segurá-la, mas, era notório o tremor das minhas mãos. Ele riu e disse: "mas você nem começou a beber e já está assim?". Sorri completamente desconcertada e só aí percebi que até a voz havia desaparecido. Continuou: "eu seguro pra você" e me serviu o Chandon diretamente na boca. Fiquei tão deslocada que coloquei as mãos entre as pernas. Pronto: eu tinha acabado de assinar o meu mais definitivo atestado de timidez. "Queria ouvir alguma coisa", disse rapidamente, sem muita convicção. Ele levantou, pôs a mão no queixo, depois as passou pelos cabelos e repetiu: "noite de lua cheia... Clair de Lune, o que acha?"... Respondi: "perfeito", sem nem saber que versão ele usaria. Qualquer coisa estaria bom naquele momento.

ELE ligou o som baixinho e, quando a música começou a tocar, fechou os olhos, se envolveu em seus próprios braços e ensaiou uma dança. Permaneci em silêncio só observando. Rodopiou até parar atrás de mim... curvou-se por cima do sofá e disse próximo ao meu rosto e ouvido: "dança comigo?". Quando me virei, sua mão direita estava estendida por cima do meu ombro. Olhei pra aquelas mãos tão perfeitas e quase disse: "não posso, não consigo me levantar". Pressentindo isso, ELE deu a volta, me puxou e, exatamente como no outro dia, me apertou contra si. Esfregou seu rosto no meu, ensaiou um beijo no meu pescoço, mas, só sentiu o meu cheiro. Colocou os dedos por entre os meus cabelos e segurou com força. Esmaeci. Era a mesma sensação de quem bebe descontroladamente red bull e red label, o que chamo de efeito duplo red. Minhas pernas não respondiam às investidas dele. Quando vi que não conseguiria mesmo disse: "não posso"! ELE não me soltou. "Não posso", repeti. "Mal consigo me manter de pé". Com a outra mão, ELE me segurou pelo queixo e disse: "eu não vou a lugar algum".

Na mesma velocidade que costumava usar, ele me arrastou por quase dois metros pela sala sem que eu sentisse o chão embaixo de mim. Ou eu estava dormente, ou ELE estava mesmo me carregando. Só paramos na parede. "Também descobri que além de Chandon seu fraco são as paredes", disse sussurrando no meu ouvido. Num lapejo de lucidez percebi que Clair de Lune já não tocava mais. No seu lugar, Wicked Game , na versão inconfundível de Chris Isaac. Tentei respirar e não conseguia. De novo, aquela sensação de estar sem ar. Queria tanta coisa e não conseguia pensar em nada objetivo.... não dava tempo! ELE não me deixava margem para mais nada a não ser desejá-lo.

Arrumei forças vindas de não sei onde e tentei me desvencilhar. ELE me beijou. Rápido e profundamente. Sentia sua língua escorregar pela minha boca, me sugando os lábios, puxando meu cabelos pela nuca e a outra mão apertando as minhas coxas com tanta força que eu sabia o que veria no dia seguinte: hematomas por todos os lados. Quanto mais eu tentava respirar, mais ELE me apertava e beijava e roçava seu corpo no meu. Mais uma vez tentei. Usei toda a força e convicção que achei ter e me soltei, segurando-o pelo braço e o empurrando contra a parede. Não sei como consegui segurar aquele homem de mais de 1,85m. Aliás, sei: ELE se deixou segurar! O apertei e encostei meus lábios no seu ouvido: "vi e ouvi você a noite toda... sei que você percebeu quanto poder tem sobre mim e acredite: eu reluto desesperadoramente contra isso. Deixa eu te ensinar uma coisa, garoto, também sei coisas sobre você e isso me deixa em pé de igualdade"... Coloquei a mão por dentro da sua camisa e subi meus dedos esfregando minhas unhas pela pele do abdômen até chegar ao peito. Continuei subindo a mão e segurei o queixo. Puxei com força seu rosto para o lado e o beijei! Quanto mais beijava, mais ELE tentava se virar e mais eu o apertava. Desci a mão por cima da calça jeans apertada e passeei por todo o seu corpo, parando dentro da calça e apertando a bunda. ELE usou mais força e conseguiu se soltar... me jogou novamente contra a parede, dessa vez com mais força, me puxou pelos quadris e me ergueu do chão. Abracei seu corpo com as minhas pernas e pus meus braços em torno do seu pescoço. Senti seu sexo quente encaixado em cima da minha calcinha. ELE me olhou... "Quero você", disse com toda a convicção do mundo. "Eu quero você... quero desde o primeiro dia que te vi. Quero de todas as formas, do seu jeito, com força... quero que me morda, que me segure... quero agora".

Ele me levou para o quarto... de lá, nem sei que horas eu sairia. Se pudesse escolher, francamente, só depois da eternidade [...].


04:30 da manhã. Já que não consegui dormir, vou tomar um banho. Mais uma semana começa e agora carrego comigo mais um dos meus lascivos pensamentos. A diferença é que, dessa vez, esse pensamento tem nome, cor, cheiro, voz, contornos dos mais deliciosos e eu sou nesse momento, honestamente, a pessoa mais imersas nos próprios desejos, desejos esses que corroem as minhas entranhas, como jamais outrora pude experimentar.



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sábado, 14 de agosto de 2010

De olhos fechados...



Ao Overjoyed que me ensinou a real sensação de "ficar sem ar"...
DEDICO
(Trilha sonora sugerida"Overjoyed", versão Alcione)
Olhos fechados... não precisava de luz ao meu redor ou imagens para descrever aquelas sensações... sentia-me sendo jogada deliciosamente de um lado para outro, sem solavanco algum, por ondas de águas mornas. No ar, música ensurdecedora, cheiro de perfume e cigarro e diversas possibilidades. Adorei aquele corpo, aquelas mãos, aquelas forma de olhar como quem despe o outro. Estive nua a noite toda para ele. A cada investida para tentar me dizer algo e conseguir vencer a barreira do som ambiente, mãos deslizavam pelas minhas costas e lábios tocavam ora meu pescoço, ora meu rosto. Vontade de arfar, de devolver aquele olhar. Eu não podia. O lugar não me permitia, as pessoas não me permitiam, o bom senso não me permitia e a minha concentração, que aquela altura da noite já deveria estar escondida em algum recôndito inóspito do meu cérebro, não me servia de cúmplice. Deixei a música me invadir. Fechei os olhos novamente e as batidas melódicas germinavam passos compassados, que me davam vontade de rodopair sozinha, em off para tudo aquilo que me cercava. Mas, os olhos fechadas me traíam sempre. Novamente aquelas imagens daquele corpo, olhos, sorriso e mãos se misturavam com o cheiro do cigarro, de perfume, da bebida e tudo o que eu desejava era uma mesa e um pouco de silêncio para mostrar o quão habilidosas minhas mãos são. Compreendi, naquele momento, o que exatamente significa a palavra desejo e entendi que a minha vida toda a usei de maneira inadequeda. De repente, sem que eu realmente pudesse perceber, um braço me envolveu pela cintura e me puxou para perto de um corpo. A força e a velocidade foram tamanhas que senti meus seios se chocarem contra aquele peito e meu lábios roçaram nos dele. Não ousei abrir os olhos para identificar o meu raptor. Reconheci pelo cheiro, pela forma como me apertava insistentemente, fortemente e deliciosamente contra o seu corpo. Até o fim daquela música que poderia ter durado um pouco mais que a eternidade, mãos deslizavam nas minhas costas, quadris, subiam pela nuca, me apertavam contra o corpo dele... seu rosto se esfregava no meu e um novo aperto me puxava para junto dele. Poderia resumir a sensação: sem ar. Não conseguia respirar. Em silêncio, ainda de olhos fechados, deixei que ele me guiasse, que me apertasse e que fizesse tudo o mais que desejasse naquele momento. Estava entregue. Perdi o controle da situação, perdi a razão, perdi a vontade de sair dali e, principalmente, vasculhei minhas entranhas em busca de algo, qualquer coisa por mais ínfima que fosse, que me injetasse, por uma fração de segundos, um decigrama de bom senso para me desvencilhar, mas, a única coisa que consegui pensar foi em Overjoyed. Tudo o que queria era devolver cada investida, empurrá-lo com força contra a parede até ouví-lo deixar escapar um gemido que deflagrasse todo o resto. Queria aquela boca na minha, mãos me segurando pelo cabelos, minhas unhas cravadas naquele peito e apertos nas coxas, braços e bunda que deixariam hematomas no dia seguinte. Queria medir forças, minha coxa entre as pernas dele, minhas roupas rasgadas pelo chão e aquele homem me mostrando sem se esquivar, tudo o que ele deixou implícito a noite toda. Para meu alívio, com a mesma velocidade que ele me tomou para si, ele me deixou no meio do caminho. A música terminou. Abri meus olhos e consegui recobrar a lucidez que perdi logo no início da noite, quando de olhos abertos enxerguei os olhos dele e fechei os meus para não ver mais nada.
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