sábado, 10 de setembro de 2011

A Fantástica História de Jack e Sally


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Ao meu Jack, DEDICO.
Trilha Sonora Sugerida "Little Wing", versão The Corrs




Dizem que as histórias de amor e de amizade surgem do acaso. Por vezes de desencontros, de tropeços, de peças que o destino nos prega. A história que vou lhes contar, nobre leitor, é um desses contos de fadas que nos enche de inspiração e nos faz sentir a glória dos sentimentos que surgem do nada e que vão nos preenchendo até se tornarem parte de nossa alma... É assim a história de Jack e Sally...



Jack surgiu para Sally como uma dessas promessas de um "olá" seguido de um "até logo". Ela, com seus cabelos vermelhos como o fogo que gera calor e abranda a inquietação dos corações gelados, não imaginava que naquela noite sombria em que estava perdida na cidade fria e esquecida no quarto escuro, conheceria um cavaleiro andante e abusado perdido em um corpo contrastante de paz. Sally é a personificação do muito escancarado: sorrisos, choros, sentimentos, desejos, vontades, intensidade e coração. Jack é essa versão pelo avesso: tudo guardado a sete chaves, escondido e só partilhado com quem toca seu coração. Ele, alto, magro, com olhar desconfiado, mãos gentis e gestos leves. Ela, baixinha, roliça, com olhar penetrante e mãos firmes e gestos fortes. Desconfio que seja justamente isso que faria com que, mais tarde, em outra dessas noites levadas pelo acaso, as mãos deles se encontrassem em gestos que marcariam suas vidas para sempre.

Não sei mesmo se na presença de outros Jack era de riso tão fácil quanto quando Sally está por perto. Também não sei se Sally é tanta segurança se estiver na mesma situação. Quando eles estão juntos é como se brincassem pulando entre nuvens: tudo é leve, nada é proibido e cada coisa é partilhada espontaneamente como as frases engraçadas que surgem dela e os sorrisos gostosos que partem dele. Quando ele surge, em cada fim de noite, e ensaia um "buhhhh", ela finge supresa, mas estava ali há horas esperando por ele para contar suas aventuras durante o dia. Há dias em que ela fala sem parar. Em outros, que chora. E, na maior parte deles, ela nem sente mesmo o que está fazendo porque tudo brota de dentro de seu coração como uma flor do campo emerge do solo depois de uma noite de tempestade.

No dia em que eles se encontraram pela primeira vez, era como se o universo tivesse preparado tudo com a leveza, tão própria dele, e a intensidade, característica mais marcante dela. O medo dela era de que aquele encontro pudesse ser o começo do fim. O dele, se existiu, nem eu mesma saberei, porque ele não deixou transparecer. Quando ela sentou-se ao seu lado naquela noite escura e sem lua e rumaram ao destino que os esperava, Sally nem ousou olhar nos olhos de Jack com medo de ver decepção e um adeus anunciado ali. Ela queria mesmo fazer tudo certo, dizer as coisas mais bonitas para que ele tivesse vontade de ficar ali e nunca mais ir embora.

Ela olhou pra Jack e entendeu de onde vinha toda aquela paz. Jack era claro como o sol do nascer do dia. "Lindo, lindo, lindo", ela pensou, e ao ver suas mãos, ela as quis em seu rosto, mas Sally jamais pediria nada. Seu medo de não ser merecedora daquele Jack era imenso agora e tudo poderia se perder a qualquer momento. Jack, por sua vez, parecia que sempre esteve ali. Que Sally era parte das suas manhãs e noites, tão espontâneo foi quando se prostrou diante dela. Acho mesmo que ele estava um tanto quanto nervoso, mas ele não quis que ela percebesse.

Enquanto ele estava deitado, entregue aos toques dela, Sally olhava para os contronos dele e seu coração se acelerava. Tudo aquilo era completamente novo para ela: a noite, a presença e todas aquelas sensações. Então, quando Jack a tocou e a fez sentir que era ele que cuidaria dela naquelas próximas horas, ela não relutou. Pela primeira vez na vida Sally fechou os olhos e dançou guiada por alguém sem sentir medo. Ela não sabia dar nome a todas as sensações que a invadiram. Só fechou os olhos e as sentiu... Jack era mais do que um sonho para Sally, porque de sonhos todos nós acordamos: ele era realidade.

Daquela noite sem lua e sombria, Sally vai lembrar de tudo. Não perguntei ao Jack do que ele se lembrará. E, por mais que você, nobre leitor, queira saber o que aconteceu naquele espaço de sonhos e realidade, eu não ousaria ir adiante nesse relato. Acho que o Jack não gostaria e tenho certeza que a Sally quer mesmo guardar tudo para si. Não sei mesmo o que acontecerá com eles a partir daí, mas, uma coisa é certa: Sally é verdadeiramente feliz quando Jack está por perto. Jack é encantadoramente livre quando Sally segura suas mãos. A História deles é como um desses contos em que tudo pode acontecer, mas que a gente torce por um final feliz antes dos créditos e do "The End"se projetarem na grande tela da vida.

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