sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O não dito...




Ao meu "Vinho do Porto", DEDICO.
Trilha Sonora Sugerida "Todo sentimento", versão Ney Matogrosso.



Adoro velas e vinho do porto. E nem tive tempo de contar. Falei por alto, de maneira um tanto tímida, um tanto despretensiosa, sobre meus desejos de outrora. Queria mesmo ter rasgado o verbo e dito cada palavra lasciva que pensei e cada pensamento doce que tive. Não dava. Nem deu. Foi tudo tão rápido que não tive, sequer, tempo para pensar em consertar os estilhaços deixados pelas palavras disparadas como uma flecha que acerta o alvo e acerta aonde deveria errar. Ainda olhei para o chão para os pedaços de frases e palavras soltas que restaram e não tive coragem de me ajoelhar para juntá-las. Ainda continuo olhando...
Miúda, cabisbaixa, não reativa... talvez seja que eu possa resumir como estou e me sinto enquanto ouço minhas unhas se lançarem nas teclas do meu notebook e Ney Matogrosso canta no meu ouvido. E tenho tantos talvez para falar porque as certezas me fugiram quando dicionário e loucura passaram a ser mais importantes que as sensações. Vazio, transparência, ausência de mim... e tudo isso juntos e um pouco de não sei mais o que.
Olhei para ele enquanto descrevia sobre seus desejos e ria com uma delicadeza gentil de quem percebe no outro a necessidade de se fazer entendido e medido. Imaginei a cena com riqueza de detalhes suas urgências, o estado que me descreveu, o "whiskito" e talvez um maldito cigarro empunhado entre dedos e tragado rápido e profundamente. E eu quis... e quis mais... e como quis... e como quis dizer e calei. Imaginei aqueles 1,84m debruçado sobre mim em uma cama gigante, desenhado com a ponta do indicador alguns arabescos em minhas costas, duas taças de vinho largadas no chão e aquele cheiro de cigarro impregnado em meus cabelos.
Nem cheguei a contar que o vi conversando e gesticulando com mãos imaginando serem elas como encantadoras de serpente e nem do momento em que ele me abraçaria por trás, afastaria meus cabelos e beijaria meu ombro direito esperando minha reação e a palavra que abre todas as portas: faz! Ele faria, e eu deixaria e nos final a gente imploraria por mais... chega a ser rima e agora nem graça mais tem. E rimou de novo... e não vou usar mais nenhuma palavra.
(...) se eu tivesse tido tempo, eu teria dito o quanto ele estava significando pra mim, desde dezembro, quando tudo deixou de significar... sem vinho e nem vela, durmo sem gostos na boca e sem luz na minha noite.

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