sexta-feira, 16 de julho de 2010

Das Entranhas - Lasciva





[...] naquela noite ela saiu de casa sem intenção alguma. Queria bebericar qualquer coisa entre o amargo e o doce. Entrou no velho de bar de sempre, sentou-se na mesma mesa. Remexeu na agenda do celular para ver quem poderia fazer companhia. Seriam conversas entediantes ou os mesmo assuntos de trabalho. Ela não precisava disso...
Ainda era segunda-feira e ela já se sentia imersa em todas as “feiras” que os dias de semana têm. Olhou ao redor e nada interessante. Pediu um vinho do porto... adorava a sensação adocicada e densa do vinho gelado deslizando entre a língua e escrevendo o caminho até o estômago. Cruzou as pernas e ficou observando alguns minutos os sapatos... nem ela mesma acreditava que um par daquelas coisas pudesse custar tão caro. Olhou as unhas... retocou a maquiagem ali mesmo na mesa, entre uma pincelada de rímel e outra de batom. Refletido no canto esquerdo do espelho da maquiagem ela percebeu um garoto a observando. 20... 24 anos... não mais que isso. Calça jeans, camiseta preta justa no corpo e boné. Sentado em uma cadeira alta, ele ergueu uma taça em direção a ela. Sem nenhum tato, ela virou-se. Observou aquele menino de cima a baixo, apreendendo cada detalhe. Pensou nas possibilidades...

“[...] de repente, não mais que de repente, os dedos dele se enovelaram entre os cabelos dela. Que ousadia, ela pensou. Fiz escova hoje. Quem esse garoto pensa que é. De fato, talvez nem ela mesma estivesse preocupada com isso. Ele não disse absolutamente nada, apenas segurou seu rosto e a beijou. Um beijo forçado, entre línguas, com corpos comprimidos contra uma parede. Relutando nas suas intenções de sair dali, mas sem nenhuma vontade física de fazê-lo, ela esboçou uma reação. E antes que ela pudesse fazer alguma coisa, as mãos dele deslizavam pelas coxas dela, tornando-se uma interface entre sua pele e a saia. Numa reação instantânea ela segurou as mãos dele. Ele a olhou... só olhou. A apertou ainda mais contra a parede e ela deu um gemido baixinho, mas, audível o suficiente para acender o alarme dele. Ele sabia que as cartas estavam na mesa... ela sabia que aquele era um caminho sem volta. Com uma agilidade indescritível ele a virou. Agora ela podia sentir o peito dele em suas costas, seus quadris encaixado nos dele. Ela não relutou mais... fechou os olhos... arfou... sentiu o chão desaparecer e quando pensou em perder os sentidos, sentiu suas mãos serem apertadas contra a parede acima da cabeça e outra deslizar por sua nuca, puxando seus cabelos para cima. Ele seu aproximou... insinuou um beijo, uma mordida e recuou. Ela tentou imaginar o que ele estaria pensando... teve vontade de implorar, mas, nada disse. Ele tentou novamente, mas, dessa vez deslizou a língua pela nuca, mordeu levemente a orelha. A boca dela salivava... queria aquela língua com força em sua boca, mas, novamente calou-se. Ainda sem dizer uma palavra sequer, ele soltou os pulsos dela, que esmaeceu. De olhos fechados, não esboçou nenhuma reação. Ele subiu a saia até a altura da cintura, puxou a calcinha e num golge rápido, que a fez balançar, rasgou-a. Seus pedaços caíram no chão instantaneamente e, do que sobrou dela, só era possível ver alguns fragmentos de renda preta. Ele puxou a blusa de seda branca e passeou com seus dedos em seu corpo, apertando os seios dela com força até sentir a pele eriçada. Ela, já completamente entregue e com a voz embargada, pediu: faz! Ele mordeu-a com força... mais uma vez ela implorou: faz, por favor, faz!
Num estalido causando por uma taça que quebrou na mesa ao lado, ela saiu do transe. Voltou-se para a sua mesa e afastou aqueles pensamentos. Ergueu a taça de vinho do porto na direção dele e degustou com prazer o último resíduo de vermelho ocre. Largou uma nota de vinte reais na mesa e saiu. Ele é só um garoto... só um garoto! A última coisa que ela precisava naquela segunda-feira era um problema de vinte e poucos anos e um par de olhos verdes que a deixaram trêmula a ponto de precisar firmar os passos antes de entrar no carro e voltar para casa com uma garoa tímida que acoitava os vidros do carro.
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